terça-feira, 7 de julho de 2009

Reflexões para refletir

As vezes, refletir torna-se um verbo tão falado e tão conjugado na primeira pessoa de forma incorreta, em seu mais profundo significado, que torna-se banal.

Refiro-me ação de refletir, colocando pontos de um pensamento, ou muitos pensamentos, de forma concatenada, coerente para encontrar uma conclusão, ou apenas fazer considerações para uma nova reflexão...Pensei nisso, por causa da morte...

Para não cair em lugar comum, nem tropeçar no túmulo de ninguém (não estou nem de longe falando do MJ), talvez eu me refira a fatos narrados em obras de ficção, TV shows e outras obras de entretenimento, bem como a vida real....para os leitores que perceberem a semelhança, um aviso: não é mera coincidência.

É fato: para que morte se dê, é necessário que haja a vida. Todos nós estamos fadados a este momento, ao qual eu chamo de transformação – dado aos meus valores morais com o conhecimento de espiritualidade que aos poucos tenho conquistado. Enquanto esse momento não chega pra nós, assistimos de perto, ou de muito distante, a chegada do mesmo para alguém, ou muitos desses “alguéns”.

Acidentes com meios de transporte, com pessoas que têm algo em comum, pelo fato de estarem juntas, considerando as grandezas espaço e tempo. Que possuíam um mesmo objetivo, pelo menos um.

Assistia ontem ao final de temporada de uma série de TV. Durante duas horas acompanhei ansioso pelo desfecho de algo que, na minha cabeça, era previsível. É uma série que mistura o drama da realidade diária de um hospital, com a comédia que se torna o relacionamento das personagens que fazem parte desta realidade.

Dúvidas e certezas, amor e ódio, escolhas, saúde, ausência de saúde... Neste último item, uma das personagens, querida e cativante personagem, cujo crescimento pessoal e profissional se deu à custa de muito trabalho. Árduo trabalho que foi reconhecido pela competência de suas ações, têm a sua vida transformada por um diagnóstico de câncer. A partir daí as reflexões surgem e decisões com alto valor moral agregado, passam a a permear a vida de muitos que cercam.

Passam então a dar valor ao tempo ao lado das pessoas amadas, passam também a dizer que amam, passando por cima, às vezes, do orgulho que impede de dizer as três palavras que, juntas, têm um significado enorme para a Vida de cada um de nós.

A personagem morre, o que já esperávamos, mas o que não esperávamos é que mais um fosse morrer.

Após salvar a vida de uma garota, afastando-a da frente de um ônibus ele é atropelado e chega ao hospital, totalmente desfigurado e irreconhecível. Um ato nobre retratando, como a pincelada final, o personagem que proporcionou momentos hilários pelas situações muito cômicas nas quais se envolveu. E cujo coração se mostrou todo o tempo, como algo de muito valor, nobre valor...

Mas, enquanto assistia, não deixava de pensar na vida real e quanto tudo aquilo que ali estava retratado fazia parte da minha própria vida, não na mesma intensidade, mas proporções menores – a amiga do grupo que tem um quadro de câncer agravado, a vida que lhe permite uma oportunidade de refletir acerca de valores, pessoas, decisões, planos e projetos. Reconhecimento da competência e inteligência da mesma amiga...

Não necessito parar para pensar, estes pensamentos (reflexões) independem do movimento, ele próprio não pára...

Pensamento que não desliga, que não cessa, como a própria vida...e a morte.